Total de desocupados avançou 40,8% no 4º tri; no ano, alta foi de 27,4%, a 8,6 milhões
A taxa de desemprego no país disparou e fechou 2015 em 8,5%, segundo os dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. A taxa é a maior da série histórica, iniciada em 2012. O aumento significa um salto frente a 2014, quando a taxa foi de 6,8%. Já o rendimento real ficou em R$ 1.944no ano passado, 0,2% a menos que em 2014. A pesquisa inclui dados para todos os estados brasileiros.
No quarto trimestre, o desemprego ficou em 9%, o que representa estabilidade frente ao terceiro trimestre e um salto de 2,5 pontos percentuais frente ao quarto trimestre de 2014, quando foi de 6,5%. É a maior taxa da série histórica, iniciada em 2012.
O total de desocupados no país avançou 40,8% nos últimos três meses do ano frente a igual período de 2014. São 2,635 milhões de pessoas a mais. Já a população ocupada caiu 0,6% no mesmo período, ou 600 mil a menos.
Quando se considera as médias anuais, a população desocupada saltou de 6,7milhões de pessoas em 2014 para 8,6 milhões em 2015, 27,4%, ou quase dois milhões de pessoas. Já a população ocupada ficou estável em 92,1 milhões de pessoas.
Responsável pela Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo explicou que os números do mercado de trabalho refletem a deterioração da economia:
— O que acontece no mercado de trabalho é reflexo do cenário econômico. Se a economia está num ciclo virtuoso, o mercado vai aumentar a renda, o número de postos de trabalho, e a carteira assinada. Da mesma forma que isso se refletiu no passado, agora estamos tendo redução da população ocupada, aumento da população desocupada e aumento dos trabalhadores domésticos.
Além do aumento da população desocupada, os dados da pesquisa mostraram ainda uma piora na qualidade do trabalho. O contingente de trabalhadores com carteira assinada — com acesso aos direitos trabalhistas — caiu 2,5%, de 36,6 milhões de pessoas para 35,7 milhões, quase um milhão a menos. Considerando o quarto trimestre, houve queda de 3% em relação ao quarto trimestre de 2014, uma redução de 1,094 milhão de pessoas.
Os setores que mais demitiram em 2015
Parte do contingente de desocupados, explica Cimar Azeredo, vem daqueles que perderam seus postos de trabalho e foram expulsos da população ocupada. Mas outra parte reflete a entrada de pessoas na força de trabalho — em busca de vagas — após a piora da qualidade do emprego, com redução dos trabalhadores com carteira assinada.
— Ter carteira de trabalho dá direito a previdência, plano de saúde, férias, o que deixa o domicílio com certa estabilidade. A perda da carteira faz com que pessoas da família que estavam fora da força de trabalho voltem a buscar emprego — diz o coordenador do IBGE.
Se por um lado caiu o contingente dos empregados com carteira de trabalho no ano passado, por outro avançou o trabalho informal. O número de trabalhadores informais avançou de 21,305 milhões em 2014, na média, para 22,244 milhões de trabalhadores.
— A queda do emprego como um todo tem como reflexo o aumento dos trabalhadores por conta própria e dos pequenos empregadores. Quem perde emprego ou vai para a fila de desocupação ou se ajusta e consegue algum tipo de trabalho — ressalta Azeredo.
A piora do mercado de trabalho desafiou até mesmo o padrão sazonal do emprego. Geralmente, o desemprego recua no fim do ano diante da maior oferta de trabalho temporário e da menor procura por trabalho por causa dos feriados do fim do ano.
— Isso não aconteceu, taxa ficou estável do terceiro para o quarto trimestre, passando de 8,9% para 9% — aponta o coordenador do IBGE.
No ano de 2015, a massa de rendimentos de todos os trabalhadores ficou em R$ 173,570 bilhões, pouco abaixo dos R$ 173,577 bilhões de 2014.
NO SE, SALTO DE 6,69% PARA 9,6%
Todas as regiões do país registraram salto na taxa de desemprego entre o quarto trimestre de 2014 e o quarto trimestre de 2015. No Sudeste, a taxa passou de 6,6% para 9,6%, uma diferença até maior que da média nacional. No Nordeste, a taxa chegou aos dois dígitos, em 10,5%, frente a 8,3% em 2014. A variação foi de 3,8% em 2014 para 5,7% em 2015 no Sul, de 6,8% para 8,7% no Norte e de 5,3% para 7,4% no Centro-Oeste.
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Desemprego acelerou em 2015
Segundo dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios (Pnad), a taxa do ano passado ficou em 8,5%, bem acima dos 6,8% de 2014. Das 27 unidades da federação, 14 registraram taxas acima da média nacional, três ficaram exatamente em 8,5% e dez ficaram abaixo desse patamar.
Entre os estados, a maior taxa de desemprego no quarto trimestre de 2015 foi no Amapá, de 12,5%, enquanto Santa Catarina foi a menor, com 4,2%. Entre os 27 municípios das capitais, a maior taxa foi em Macapá, com 14,6%, enquanto a menor taxa, de 5,2%, foi registrada no Rio e em Campo Grande.
No quarto trimestre de 2015, a renda ficou em R$ 1.913, que representa uma queda de 2% em relação ao quarto trimestre de 2014 e de 1,1% em relação ao trimestre do ano anterior. A massa de rendimentos dos trabalhadores caiu 2,4% no quarto trimestre de 2015, frente a igual período de 2014, para R$ 171,5 bilhões.
INDÚSTRIA E COMUNICAÇÃO
Quando se considera as atividades econômicas, o contingente de trabalhadores na indústria caiu 7,9% no quarto trimestre, frente a igual período de 2014, para 12,360 milhão de pessoas, ou 1,065 milhão de pessoas a menos trabalhando nas fábricas. A taxa mais expressiva de queda nesta base de comparação foi no setor de informação, comunicação e atividades financeiras, com recuo de 8,7% e perda de 913 mil trabalhadores.